Aconteceu o que eu tinha previsto em relação à presença
do torcedor nos jogos da Copa das Confederações. Com capacidade para 70.064
espectadores o Estádio Nacional Mané Garrincha recebeu pouco mais de 50 mil. E
olha que foi o jogo de abertura e estreia da Seleção Brasileira. Falta dinheiro
ao povo, falta futebol a seleção. Esses dois ingredientes são os responsáveis e
serão com certeza nesta competição e na Copa do Mundo. Brasil não é EUA e muito
menos Alemanha, França, Inglaterra onde os estádios em competições
internacionais sempre recebem lotação total. O preço do ingresso é um dos
fatores o outro é nossa seleção da qual o povo brasileiro ainda não confia
totalmente.
(*) Atualizando: foram anunciados 67.423 pagantes no jogo de ontem. Alguém está mentindo. Viu-se muito espaço em todos os setores do estádio e sua capacidade anunciada é de 70.64 lugares. Então não poderia ter 67.423 presentes. Talvez tivessem vendido esse número de ingressos, mas o público não passou de 50 e poucos mil presentes.
A televisão esportiva do Brasil tem repórteres,
comentaristas e narradores com bom trânsito junto à direção de suas emissoras.
É isso que se deduz, pois o que se vê também é uma falta de qualidade incrível.
Apresentadores de programas na abertura da Copa das Confederações e durante o
jogo Brasil e Japão mostraram que não é só o futebol brasileiro que está
carente.
Vocês já devem ter notado que determinados treinadores
adoram aparecer na telinha com gestos e mais gestos durante os jogos. Já teve
treinador que ficou pelo menos 70% dos jogos em pé a beira do gramado tentando
passar instruções ou fazendo de conta. Conversei com ex-jogadores e alguns em
atividade e estes confirmaram a opinião que sempre tive: a) - com o barulho da
torcida não dá para ouvir as instruções passadas a beira do gramado; b) – mesmo
que as orientações cheguem aos ouvidos dos jogadores nem todos colocam em
prática; c) – Ronaldo agora travestido de comentarista disse que instruções
passadas por treinadores que chegaram ao seu ouvido jamais foram cumpridas.
Acho nisso tudo que os treinadores perdem tempo e até irritam os atletas durante
o jogo além de ficarem roucos. O que precisa acontecer é uma preparação e
orientação mais qualificada durante os treinos e correções no intervalo dos
jogos. O resto é papagaiada que não leva a nada.
Emissoras de rádio que compraram os direitos para
transmitir a Copa das Confederações só estiveram com repórter no Estádio Nacional
Mané Garrincha em Brasília. Quem já gastou uma grana preta para ter o direito
de transmitir os jogos deveria fazer um esforço maior para colocar pelo menos
seus narradores no estádio. Isso depõe e tira cada vez mais o crédito que um
dia as emissoras de rádio conquistaram. O duro é ouvir o narrador abrindo a
transmissão dizendo estar no estádio e depois de algum tempo ao chamar o
repórter perguntar: Como está o comportamento do público aí no estádio. O que se engana as emissoras que estão em rede é uma grandeza.
Participam de transmissões feitas no tubão. Uma vergonha!
A Jovem Pan que em 2002 por não concordar com o valor
exigido pelos direitos da Copa do Mundo do Japão e Coréia colocou seus
profissionais e convidados nos estúdios para comentar o que a televisão mostrava,
hoje tem seguidores. A Rádio Estadão que pretendia inovar esqueceu-se de que
sua inovação já havia ocorrido 11 anos antes na Jovem Pan. E agora na Copa das
Confederações ouvi ontem a mesma filosofia sendo adotada por outras emissoras.
Por isso um amigo quando me telefona diz: “o que vocês faziam nos anos 70,80 e
90 ninguém faz mais e nem fará”. Muito triste tudo isso.
A Seleção Brasileira venceu o primeiro jogo, mas,
convenhamos não foi nenhuma Brastemp. Já vencemos o Japão em várias ocasiões
por três a zero como em Liverpool em 1995 pela Copa Umbro e no amistoso de 1997
em Osaka. A diferença daquelas equipes é muito grande. O que não dá para
entender é como mandante de um jogo com jogadores melhor qualificados o Brasil
não saiba impor seu estilo de jogo. Estamos sempre entrando na correria dos
adversários. A bola sai da nossa defesa para o ataque e volta muito rapidamente.
Parece jogo de ping-pong. Tenho a certeza que não é isso que Luiz Felipe
Scolari está tentando passar aos jogadores.
Outra coisa que a televisão mostrou ontem e já em
outros jogos é na chegada das equipes ao estádio. As novas tecnologias que
tomaram conta dos jogadores vão além do inimaginável. O que se vê no
desembarque são jogadores com enormes fones curtindo músicas e talvez ouvindo
até as emissoras para saber o que estão falando. Falta aos jovens atletas a
chamada “concentração” antes de um jogo de futebol. Tá certo que o jogador deve
relaxar, mas ouvir música e ainda ficar falando ao celular com certeza não o
deixa focado só na atividade que logo em seguida irá exercer.
E pra finalizar: Lamentável o gramado do Estádio
Nacional Mané Garrincha. É verdade que ocorreram apresentações na abertura em
cima do gramado coberto por um material especial. Lembro que quando as obras do
estádio estavam chegando ao final a grande preocupação passou a ser o gramado.
As informações vão além. Depois de encerrada a Copa das Confederações o gramado
será totalmente retirado para a colocação de outro. Uma obra que está orçada em
mais de quatro milhões de reais. Pelo visto dinheiro é o que não falta!